sexta-feira, 27 de maio de 2011

Agrocombustível inflaciona alimentos, diz sociólogo

A promessa de energia limpa e renovável ao alcance de qualquer país capaz de produzir milho ou cana de açúcar, por exemplo, é uma ideia tentadora. Agrocombustíveis e biocombustíveis tornaram-se um compromisso estratégico dos países para o século 21.
Porém, Walden Bello, professor de sociologia e analista político, alerta para o aumento de preços de itens básicos de alimentação quando essa tecnologia é empregada.
Em "A Guerra Pelos Alimentos", o sociólogo analisa protestos violentos que ocorreram entre 2006 a 2008 --México, África, Filipinas e China-- e questiona o sistema de comércio mundial.
Além disso, o livro avalia a organização e a resistência de pequenos proprietários de terra e dedica um capítulo aos movimentos campesinos, entre eles o MST no Brasil.
Segundo o autor --antes da esperada luta pela água potável--, a escassez de comida é uma séria ameaça a estabilidade regional e internacional, e já está acontecendo. Leia, abaixo, um trecho do livro.

Os Contornos do Regime Global de Agrocombustíveis
Países do norte e do sul estão sendo seduzidos pela promessa dos agrocombustíveis: uma medida de garantia de energia e independência do petróleo do Oriente médio. As flutuações de preço do petróleo no mercado mundial e a frágil situação da segurança em muitas regiões oferecem uma atração e ímpeto fortes para que os países busquem recursos de energia alternativos. Além disso, a ideia de colocar o milho e as sementes no tanque de gás faz parecer um algo a mais ao ambiente. O campo parece garantir um recurso comparativamente estável de energia renovável.
Todo mundo parece estar pegando carona, dos Estados Unidos e União Europeia à China, Filipinas, Brasil e África do Sul, para citar alguns. Os agrocombustíveis prometem desenvolvimento rural, menores emissões de gases de efeito estufa e um fornecimento potencialmente ilimitado de combustível - qualquer país que possa produzir cana de açúcar, beterraba, milho ou trigo pode fazer o próprio combustível. Não surpreende que na última década tenha havido uma proliferação de leis, mandatos, e outros mecanismos para incentivar a produção de agrocombustíveis em diferentes regiões e países.
As organizações regionais ativamente promovem a cooperação e transferência de tecnologia nessa área. Em janeiro de 2007, membros da Associação das nações do Sudeste Asiático (ASEAN) assinaram a Declaração Cebu sobre a Segurança Energética no Sudeste Asiático, que incentivou até mesmo o país exportador de petróleo, Brunei, a pegar carona com os agrocombustíveis.
A declaração incentivou a busca por recursos alternativos de energia e expressou grande apoio por cooperação no desenvolvimento de agrocombustíveis na região. A Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) também está incentivando a produção de agrocombustíveis e o consumo entre os seus países-membros, principalmente por meio da Força-Tarefa de Biocombustíveis que tem se reunido regularmente desde 2006. Entre os novos membros do grupo estão Austrália, com plantas de etanol em operação em novembro de 2007, e o Vietnã, cujo governo aprovou um plano para desenvolver o etanol e o biodiesel. Cada vez mais países na região estão sendo incentivados a diversificar seu portfólio de energia nessa direção.

25/05/2011

http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/869162-agrocombustivel-inflaciona-alimentos-diz-sociologo.shtml

Comentário:

Biocombustível ou agrocombustível é o combustível de origem biológica não fóssil. Normalmente é produzido a partir de uma ou mais plantas. Todo material orgânico gera energia, mas o biocombustível é fabricado em escala comercial a partir de produtos agrícolas como a cana- de- açúcar, mamona, soja, canola, babaçu, mandioca e o milho.
Um dos tipos mais propagados de biocombustíveis no Brasil é o álcool proveniente da cana- de- açúcar. Sua principal vantagem é a menor poluição que causa, em comparação aos combustíveis derivados do petróleo.
A princípio, o álcool é a melhor alternativa à gasolina (a queima de um litro de gasolina pura forma 2.382 gramas de CO2, contra 1.520 gramas por litro de álcool hidratado). O grande problema apresentado por muitos ambientalistas é o fato de que na grande maioria das plantações de cana- de- açúcar, ainda é feita a queima do canavial antes da colheita, liberando uma grande quantidade de CO2.
Especialistas afirmam que a utilização do biocombustível oferece uma série de vantagens:
- Emite menos gases poluentes durante a combustão;
- Contribui para o aumento de emprego na zona rural;
- É uma fonte renovável;
- Reduz a dependência de fontes de origem fóssil.
Porém, existe, opositores ao uso do biocombustível em larga escala, eles alegam que:
- A matéria- prima (alimentos) deveria ser destinada à população;
- Uma série de problemas ambientais podem ser originados pela intensificação das plantações de cana- de- açúcar, como: perda de nutrientes do solo, erosão, desmatamentos, etc.
O que traz a discussão em torno de fontes de energia limpa e biocombustíveis é a necessidade de se reduzir as emissões de poluentes devido aos diversos problemas ambientais (como o Aquecimento Global causado pelo o excesso dos gases, responsáveis pelo Efeito Estufa) e de saúde pública (como doenças provocadas pela poluição).

Nenhum comentário:

Postar um comentário